Bolinhas de Sabão

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Renoir
Depois de tantos anos dedicados ao livro, a pergunta impunha-se! Afinal o que é? Que "objecto" é esse? O amor de uns e o carrasco de outros.
Parece que encontrei uma resposta...
"Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, indubitavelmente, o livro. Os outros são extensões do seu corpo. O microscópio e o telescópio são extensões da vista; o telefone é o prolongamento da voz; seguem-se o arado e a espada, extensões do seu braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação". Jorge Luis Borges
Ler é criar...mundos possíveis, impossíveis, alegrias, cores, extensões de alma...e muito, muito mais.
E os leitores também têm direitos! Pois claro!
Os Direitos Inalienáveis do leitor
  1. O direito de não ler
  2. O direito de saltar páginas
  3. O direito de não acabar um livro
  4. O direito de reler
  5. O direito de ler não importa o quê
  6. O direito de amar os "heróis" dos romances
  7. O direito de ler não importa onde
  8. O direito de saltar de livro em livro
  9. O direito de ler em voz alta
  10. O direito de não falar do que se leu


In Como Um Romance, Daniel Pennac

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Quando o beijo se torna maior do que nós...

Gustave Klimt, O Beijo.

JUSTITIA MATER

Nas florestas solenes há o culto
Da eterna, íntima força primitiva:
Na serra, o grito audaz da alma cativa,
Do coração, em seu combate inulto:

No espaço constelado passa o vulto
Do inominado Alguém, que os sóis aviva:
No mar ouve-se a voz grave e aflitiva
Dum Deus que luta, poderoso e inculto.

Mas nas negras cidades, onde solta
Se ergue, de sangue mádida, a revolta,
Como incêndio que um vento bravo atiça,

Há mais alta missão, mais alta glória:
O combater, à grande luz da história,
Os combates eternos da Justiça!

Antero de Quental

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

A melhor receita para fazer Bolinhas de Sabão*

Queres brincar?
Queres divertir-te a sério?
Queres voltar à doce infância?
Junta-te a mim nesta divertida viagem pelo mundo redondo!

Grandes ou pequenas: a escolha é tua!

Para esta aventura vais precisar:

§ palhinha de sumo;
§ carrinho de linhas;
§ argolas metálicas;
§ rolos de cartão( papel aderente ou outro);
§ batedor de claras de arame enrolado;
§ jantes de pneus!;
§ formas de tartes com buraco circular.

Receitas:

I)
Champô ou sabão líquido, de glicerina ou não: cerca de 200 g;
Glicerina: 100 g;
Água (destilada se necessário): 1400 g;
Argolas metálicas de preferência em ferro.
Misturar bem e armazenar. Mantém-se por longos períodos (meses).

II)
Champô de bebé, mel em substituição da glicerina, em tudo o mais igual a I).
A mistura não é tão eficaz e não foi testada para longos períodos de armazenamento.

III)
200 Ml de sabonete líquido em vez do detergente
40 Ml de glicerina
1260 Ml de água
Solução B
40 G de açúcar branco
460 Ml de água

Misturar bem cada solução em separado e só no fim misturar as duas.
Agora é só soprar! Força!

Esfera feita de coisa nenhuma?...



Bola de sabão, memória
Indelével da infância.
Efémera esfera furta-cores
Feita de coisa nenhuma.
Soprada para o ar,
Abandona-se à brisa e às
Correntes. Ao menor toque,
Ou por puro capricho,
Desfaz-se silenciosa em
Ínfimos salpicos.


As bolas de sabão que esta criança
Se entretém a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda.
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as cousas,
São aquilo que são
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,
Pretende que elas são mais do que parecem ser.
Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer cousa se aligeira em nós
E aceita tudo mais nitidamente.

Alberto Caeiro