Bolinhas de Sabão

terça-feira, maio 29, 2007

Bicicletas em Setembro

Há dias assim! Há outros, que pelo calor de um sorriso, são diferentes. Outros há ainda, que pela forma como me arranjo para sair, se tornam verdadeiras campanhas à estupidez. Mas o que têm estes dias banais para me fazer entorpecer? Não sei. Talvez esta esfera gigante em que vivemos seja realmente sonâmbula, um barco singular à deriva, que nos embala descansada... Não se devia descansar, parece estranho, mas não é. Devia-se poder olhar, procurar sem cessar as essencias, os particulares, os breves instantes. Cada raiozinho de vida devia poder ser sugado, sem deixarmos que o próprio tempo se encarregasse de o roer, mansamente. Há instantes assim! Instantes sugáveis. E de tão singulares permanecem latentes, permanentes e nem o Zéfiro ou Bóreas serão fortes o suficiente para os arrastar.
Da janela do meu prédio eu oiço, ao entardecer, a cidade definhar-se vagarosamente;
vejo o sol e o dia repleto de muito mais...
Sinto o cheiro da rua, cálido, lancinante, tenebroso, oiço os passos pesados de um mundo...
Sento-me e descanso porque é tão profundo o meu cansaço.
Há dias assim!
Da janela do meu prédio eu vejo o tempo passar-me e sinto um tão terrível desgaste.
Porque do meu prédio eu sinto a vida que me falta.
Vejo a mulher descomposta de raiva em frente, e a mão que a ajuda a aprontar-se e vejo ainda, o tempo revoltar-se em rodopios comoventes, e as folhas a agitarem-se em medo permanente.
Do meu prédio sinto a brisa descontente, que se aconchega ao canto, e que encanto é quando saio do meu prédio à rua e em mil perguntas me embaraço, ai que cansaço.
Mas do meu prédio eu não vejo as bicicletas de setembro, por isso sei, que na esfera onde me perco não há tempo, nem doce, nem salgado, para nos deixarmos embalar.

segunda-feira, maio 21, 2007

Sobre um poema...





Um poema cresce inseguramente

na confusão da carne,

sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,

talvez como sangue

ou sombra de sangue pelos canais do ser.


Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência

ou os bagos de uva de onde nascem

as raízes minúsculas do sol.


Fora, os corpos genuínos e inalteráveis

do nosso amor,

os rios, a grande paz exterior das coisas,

as folhas dormindo o silêncio,

as sementes à beira do vento,

- a hora teatral da posse.

E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.


E já nenhum poder destrói o poema.

Insustentável, único,

invade as órbitas, a face amorfa das paredes,

a miséria dos minutos,

a força sustida das coisas,

a redonda e livre harmonia do mundo.


- Em baixo o instrumento perplexo ignora

a espinha do mistério.

- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.







Herberto Helder

terça-feira, maio 15, 2007

TENHO TANTAS SAUDADES


Um beijinho na testa a cada um*

quinta-feira, maio 10, 2007

Tenho saudades, se tenho...

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra amigo!
"Amigo" é um sorriso

De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
"Amigo" (recordam-se, vocês aí,

Escrupulosos detritos?)
"Amigo" é o contrário de inimigo!
"Amigo" é o erro corrigido
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada!
"Amigo" é a solidão derrotada!

"Amigo" é uma grande tarefa,
É um trabalho sem fim,
Um espaço sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
"Amigo" vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill
Tens toda a razão quando dizes que agora, sim, é que faz sentido ter saudades. E olha que não são nada poucas. Falta alegria e as tais garrafas de casal Garcia! Falta o teu humor, a tua amizade, as nossas conversas, os teus sorrisos e até os teus choros. Falta a tua grande companhia.
Mas como já te disse o importante é estares feliz e bem contigo, independentemente de estares perto ou longe.
E mais uma vez, aqui vai o convite para passarmos algum tempo juntas. Uma tarde, uma noite, uns minutos...o que for! Cá te espero ansiosa...Beijinho gordo!

quarta-feira, maio 09, 2007

André


André, como diz a minha irmã, não pode estar sempre a chover!

terça-feira, maio 08, 2007

Su este vai direitinho para ti!



"O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esperança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –
Os beijos merecidos da Verdade".


Fernado Pessoa


Susana Clara, o meu beijinho vai hoje para ti, cheio de Verdade. Saudades grandes*

Culinária? Mas que ideia!


Sempre me dediquei aos livros...é uma paixão de há muito tempo, senão vejamos: no secundário escolhi a área de Humanidade. E lá estava o latim, todo bonito, a dar-me o que fazer. Passado algum tempo entro na Faculdade e para qual? Claro está, faculdade de Letras. O curso, de nome comprido (já não bastava o meu), demorou seis longos anos, horas de estudo, visitas constantes a bibliotecas, brincadeiras entre as prateleiras, leituras em bancos de jardim, compras nas feiras (pois), ida a recitais de poesia...portanto, livros e mais livros.

Agora, depois desta longa caminhada, não decidi fazer uma coisa diferente (e era eu contra a sequência de dias banais). Inscrevi-me na livraria Bertrand e entrei. Agora sou livreira estagiária e gosto muito. Começei o meu primeiro emprego no dia 1 de Maio - ironia? Não, sorte, vos garanto.

Mas sabem qual é a secção que me coube em sorte? Literatura Portuguesa? Não. Literatura Estrangeira? Não. Filosofia? Também não. Bolas...fiquei com a secção da Culinária!! Livros sobre comida? Opá! E eu que nem sei cozinhar! Bem, pelo menos sempre posso ir tirando ideias, sugestões e depois, o Chefe Silva também me pode ir ajudando...quem sabe?

Chefes de Portugal, estou à vossa disposição para qualquer informação útil. E já agora o livro do Pantagruel é carríssimo.

segunda-feira, maio 07, 2007

Não podemos adiar...


Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas e montanhas cinzentas
***
Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

***
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

***
Não posso adiar o coração.


António Ramos Rosa

sábado, maio 05, 2007

ErA UmA VeZ UmA MãE De EnCaNtAr...

*****
Mãe, diz lá, não é a fotografia mais bonita do mundo?
*Fazes-me falta todos os segundinhos da minha vida...e eu AMO-TE mais do que tudo!
Os agradecimentos ficam para quando te puder agarrar essas bochechas, pode ser?

terça-feira, maio 01, 2007

Em defesa da Joana!


Perigosa? Quem, eu?
Segundo algumas listas manhosas, diria, a raça desta bela cadela coloca-a como uma das mais perigosas do mundo. Olhem bem para ela...acham que a minha Joana faria mal a alguém? Claro que não! Pacata, brincalhona, amiga do sol, da lenha, dos cabos de vassouras, dos sapatos do meu irmão e meus, do sofá lá de casa, dos caroços de manga, de massa crua, de casca de batatas e muito amiga do meu pai , lá vai fazendo a sua vidinha...De olhar doce, conquista qualquer um e apesar do seu porte imponente, olhem mais uma vez para ela...Não é linda? Pois claro que é. Esta é a minha Joana e eu adoro-a do fundinho do meu coração.
Meus amigos, não se iludam, não há maus cães, apenas donos sem paciência! E outros...bem é melhor nem dizer.

Olha-me este Deus Grego!

Raparigas atenção!
O nosso
Deus Grego
Ostenta esta figura
Luminosa, mas cuidado, porque ele pode ser
Fogo
Onde quer que vá!
...
Mais...
Algures,
Não se sabe bem onde,
Usa e abusa do seu
Elevado paleio para
Ludibriar a mais doce menina!!
*O primo que qualquer uma queria ter! Né verdade?